O lúpulo (Humulus lupulus) é uma planta do género húmulus que pertence à família das cannabináceas. É originário da Europa, mas cresce também em regiões temperadas do planeta como no norte da América ou da Ásia.
Trata-se de uma trepadeira de folhas perene, a planta é dioica (crescem nela flores femininas e masculinas). As suas flores maduram a finais do verão e se utilizam para produzir o aroma e o característico sabor amargo da cerveja (neste processo são utilizados os cones florais femininos).
Tradicionalmente, o lúpulo tem sido utilizado em alguns países orientais para tratar afeções inflamatórias, insónia, anorexia e tuberculose. Além disso, antigamente se consumiam os surtos vegetais e as flores secas se utilizavam para tratar a dor de cabeça, dor de dente e a neuralgia devido ao seu poder sedativo.
Atualmente, continua a ser utilizado na medicina natural como sedante, para combater a ansiedade e o stress. Também é utilizado na medicina natural pela sua capacidade de neutralizar os radicais livres e pelas suas propriedades endocrinas e antitumorais.
Na composição do lúpulo podemos encontrar flavonóides que podem ser glicósidos ou podem ser prenilados (como as prenilcalconas). A principal prenilcalcona presente no lúpulo é o xanthohumol, que pelas suas propriedades fitoestrogénicas demonstrou ter efeitos tóxicos sobre as células tumorais de alguns tipos de cancro.
Por outra parte, o sabor amargo do lúpulo deve-se principalmente ao seu teor de ácidos fenólicos alicíclicos. Estes ácidos podem ser de tipo alfa (os principais são cohumulona, humulona e adhumulona) ou beta (colupulona, lupulona e adlupulona).
Os ácidos alfa recebem o nome comum de humulonas e já os ácidos beta recebem o nome de lupulonas. Destes ácidos fenólicos as humulonas apresentam maiores efeitos sobre o organismo, no entanto, as lupulonas limitam-se principalmente a proporcionar o sabor amargo ao lúpulo.
A quantidade de xanthohumol, alfa ácidos e beta ácidos está relacionada com a sua capacidade antioxidante e por aportar sabor amargo. A composição do lúpulo pode variar em função do cultivo ou das condições climatológicas.
Benefícios da sua contribuição
Efeito sedativo e antiespasmódico.
Ao longo da história o lúpulo foi utilizado pelas suas propriedades sedativas e atualmente os estudos científicos corroboram. Os seus efeitos devem-se a um componente amargo (α-ácido 2-metil-3-buten-2-ol) que produz um aumento da atividade do neurotransmissor γ-aminobutírico (GABA). O aumento da atividade do GABA reduz a neurotransmissão no sistema nervoso central e gera efeitos sedativos e antiespasmódicos.
Poder antioxidante.
O poder antioxidante do lúpulo deve-se aos seus três flavonóides principais: xanthohumol, dehydrocycloxanthohumol e isoxanthumol. Estes três compostos neutralizam os radicais livres que poderiam acelerar o stress oxidativo e danificar as células.
Também devido ao poder antioxidante dos flavonóides, diminui a oxidação das lipoproteínas. Quando as lipoproteínas se oxidam tendem a acumular-se nas artérias em forma de placa de ateroma e prevenir a sua oxidação melhora a circulação e reduz o risco cardiovascular.
Modulação estrogénica.
As isoflavonas são moduladores seletivos dos recetores estrogénicos, apresentam propriedades agonistas em alguns tecidos e antagonistas em outros (antiestrogénicas) ou podem não ter nenhum efeito estrogénico. A ação das isoflavonas do lúpulo está de certo modo influenciada pela sua concentração e pelos níveis de estrogénios da pessoa.
Alguns flavonóides têm poder antiaromatase. Isto significa que têm a capacidade de unir-se à enzima aromatase, evitando que se sintetizem hormonas de tipo estrogénico (femininas) a partir das hormonas de tipo antrogénico (masculinas). Por esta razão, poderia ser interessante a inclusão do lúpulo em alguns suplementos como os pró-hormonais ou para a prevenção de alguns tipos de cancro como o cancro de mama.
Menopausa.
As isoflavonas presentes no lúpulo resultam geralmente benéficas para combater os sintomas da menopausa, como os afrontamentos, a ansiedade e a perda de massa óssea.
Prevenção de atrofia muscular.
Recentes estudos sugerem que o flavonóide 8-prenilnaringina isolado no lúpulo, pode reduzir a atrofia muscular causada pela inatividade (lesões) ou pela redução da atividade física (envelhecimento) mediante um mecanismo de ativação que tem lugar no músculo graças aos seus fatores estrogénicos. A manutenção da massa muscular se conseguiria mediante a inibição (fosforilação) da proteína atrogin-1 (proteína muscular que se expressa especialmente durante a atrofia). Em modelos animais chegou-se a observar que o músculo que contém menos quantidade desta proteína chega a ser mais resistente à atrofia muscular.
Poder anti-inflamatório.
Os estudos sugerem que as isoflavonas têm a capacidade de reduzir a inflamação (possivelmente por interferir nos seus mecanismos). As calconas (incluindo o xanthohumol) parecem inibir a produção de óxido nítrico implicado em muitas respostas inflamatórias.
Alterações do sono.
O lúpulo combinado com outros extratos de ervas como a valeriana, mostrou ter bons resultados frente a insónia. Inclusive alguns estudos afirmam que esta combinação tem uma eficácia similar ao tratamento com medicamentos como as benzodiazepinas, mas sem os seus efeitos secundários.
Prevenção do dano celular e cancro.
Ao poder antioxidante dos seus compostos, soma-se também a sua capacidade de reduzir a síntese de estrogénios pela ação da aromatase. Este facto, tem especial importância em alguns tecidos como o tecido gordo e aqueles epitélios relacionados com as hormonas, como são as mamas, ovários ou a próstata; podendo diminuir a conversão das células saudáveis em cancerosas. Também demonstrou-se que poderia ser usado com fins terapêuticos: demonstrou-se que o xanthohumol produz a morte celular do tecido neoplásico quando se utiliza como quimioterapêutico em um determinado tipo de tumor do sistema nervoso central.
Poder antimicrobiano.
Numerosos estudos indicam que os compostos derivados do lúpulo, concretamente as humulonas (α-ácidos) possuem poder antibacteriano. O poder antimicrobiano do lúpulo é maior frente a bactérias gram positivas e alguns tipos de fungos; no entanto, o seu poder frente às gram negativas está menos demonstrado. Por outra parte as humulonas também impedem a replicação de alguns vírus.
Indigestão.
Devido ao seu sabor amargo natural, o lúpulo tem sido utilizado para estimular a digestão e para reduzir os transtornos digestivos mais comuns.
Dosagem
A dose oscila entre 500 e 1000 mg, de uma a três vezes ao dia. Normalmente toma-se em forma de extrato, infusão ou em forma de preparados denominados tintura.
Precauções
O lúpulo não é considerado tóxico, embora devido ao seu efeito calmante sobre o SNC deve ser tomado com precaução por pessoas que sofrem de depressão.
A dose máxima diária que se deve tomar de forma segura não foi estabelecida, sendo assim, recomenda-se não exceder as doses recomendadas.
O consumo excessivo de lúpulo poderia produzir alterações sobre o ciclo menstrual devido aos seus efeitos estrogénicos e não é aconselhável a pessoas que sofrem tumores estrógeno-dependentes. Também por precaução, recomenda-se não fazer um consumo excessivo de lúpulo nem de complementos alimentares que o contenham durante a gravidez. Por último, as pessoas que tomam medicamentos anti-estrogénicos, devem ter cuidado, pois pode alterar a sua eficácia.

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