Citrus aurantium ou laranja amarga é uma planta da família Rutaceae originária da Ásia. As plantações de Citrus aurantium encontram-se sobretudo na costa mediterrânea (especialmente na Espanha), embora possa ser encontrada também em qualquer país tropical ou subtropical.
A laranja amarga tem sido empregada na medicina tradicional chinesa para tratar problemas digestivos como náuseas, indigestões ou prisão de ventre. Outros usos tradicionais da laranja amarga são para a perda de peso, como supressor do apetite, tratamento de afeções cardíacas ou prevenção do cancro. O óleo essencial de Citrus aurantium emprega-se na alimentação, cosmética e aromaterapia.
A popularidade do Citrus aurantium aumentou nos últimos anos ao ser a substância escolhida para substituir a efedra (substância estimulante atualmente proibida) na formulação de produtos para a perda de peso e queimagorduras.
Os compostos principais que se encontram no Citrus aurantium são flavonóides (especialmente hesperidina e naringina), alcalóides feniletilamínicos (p-sinefrina e em menor concentração p-octopamina, tiramina, N-metiltiramina e hordenina), N-metiltiramina e carotenóides. Também encontram-se outros compostos como riboflavina, metoxiflavonas ou d-limoneno.
Pode-se utilizar a fruta imatura de Citrus aurantium (pele, fruto e sementes), folhas, flores e em forma de óleo essencial.
A composição dos óleos essenciais de Citrus aurantium variam consoante a parte da planta utilizada. Por exemplo, a pele contém uma elevada percentagem de limoneno, e também contém cumarinas, triterpenos, vitamina C, carotenos e flavonóides. Os flavonoides apresentam propriedades anti-inflamatórias, antifúngicas e antibacterianas.
No entanto, as folhas contêm um alto teor de acetato de linalilo com atividade anti-inflamatória, enquanto o componente principal das flores é o linalol.
Compostos presentes no Citrus aurantium.
Sinefrina.
A sinefrina presente no Citrus aurantium recebe o nome de p-sinefrina e se encontra principalmente na casca de laranja. A sinefrina representa o 90% dos alcalóides de Citrus aurantium e o seu conteúdo é entre 0.25-1.45%, embora a sua concentração varia em função da forma de Citrus aurantium utilizada (270mg em fruta fresca, 380 mg em fruta seca e 3.000 mg em extrato de fruta seca).
É importante distinguir entre dois tipos de sinefrina, já que ambas as moléculas não apresentam os mesmos efeitos nem produzem as mesmas respostas no corpo humano:
- p-sinefrina presente naturalmente no Citrus aurantium.
- m-sinefrina produzida sintéticamente e que atua como uma amina endógena efeito similares à adrenalina ou noradrenalina.
A sinefrina se une aos recetores β-3 adrenérgicos presentes no tecido gordo branco, tecido gordo pardo e tecido muscular. A ativação destes recetores estimula a lipolise, o metabolismo lipídico e o gasto metabólico. A ativação dos recetores β-3 adrenérgicos também mostrou reduzir a ingestão de alimentos e o ganho de peso em modelos animais, assim como ser capaz de melhorar a sensibilidade à insulina, o controlo da glicemia e melhorar parâmetros lipídicos plasmáticos.
Estes mesmos recetores, também encontram-se no tecido cardíaco, mas em comparação com outros recetores adrenérgicos, a sua ativação reduz a estimulação cardíaca; o que quer dizer que o consumo de p-sinefrina (sinefrina natural presente no Citrus aurantium) não aumentaria a pressão arterial ou a frequência cardíaca.
O aumento dos parâmetros cardiovasculares devem-se à ativação dos recetores α (vasoconstrição), β-1 (aumento da frequência cardíaca) e β-2 adrenérgicos (broncodilatação) enquanto que a p-sinefrina atuaria sobre os recetores β-3.
Nos últimos anos observou-se que a ativação dos recetores β-3 pode regular a ativação dos outros recetores beta-adrenérgicos modulando e reduzindo a sua ativação quando estão estimulados em excesso, apresentando inclusive efeitos protetores sob o sistema cardiovascular.
Em muitas ocasiões os estudos não especificam que tipo de sinefrina foi utilizada ou não diferenciam entre ambos os tipos de sinefrina, de modos que pode-se observar contradições sobre o efeito da sinefrina em diferentes publicações especialmente no relativo ao efeito sobre o tecido cardíaco.
A estrutura da sinefrina é muito similar à efedrina. No entanto, a sua farmacocinética é diferente e não apresenta os efeitos secundários da efedrina sob o sistema nervoso e cardiovascular.
A octopamina é outro composto alcalóide que pode-se encontrar no Citrus aurantium, mas o seu teor é muito baixo e não é habitual detetá-la. A octopamina apresenta ligeiramente maior capacidade lipolítica do que a sinefrina, tem propriedades termogénicas e inibe o apetite.
Flavanonas.
Entre as flavanonas presentes no Citrus aurantium podemos encontrar a hesperidina e a naringina, compostos que foram relacionados com a prevenção de risco cardiovascular. Os estudos indicam poder antioxidante, atividade anti-hipertensiva, redução dos níveis de lípidos no sangue, aumento da sensibilidade à insulina e propriedades anti-inflamatórias.
Também relacionaram-se os compostos flavonóides dos cítricos com a prevenção do cancro e uma maior transcrição de adiponectina nos adipócitos. A adiponectina é uma substância muito importante para o metabolismo das gorduras e a glicose, que também tem propriedades antiaterogénicas e anti-inflamatórias.
Limoneno.
O limoneno presente na pele dos cítricos, também na laranja amarga, é uma substância capaz de estimular o sistema de enzimas antioxidantes, reduz os cálculos biliares e atua como quimioprotetor, prevenindo o surgimento de certos cancros. Inclusive observou-se também que pode produzir a regressão de tumores em estudos realizados em modelos animais.
Benefícios da sua contribuição
Rendimento desportivo.
O Citrus aurantium é utilizado por desportistas para aumentar a sua resistência e prolongar a duração e intensidade da atividade física.
O consumo de extrato de laranja amarga foi relacionado com melhoras no rendimento desportivo e redução da perceção do esforço realizado.
A hespetinina presente no Citrus aurantium melhora a capacidade antioxidante do corpo e melhora os efeitos benéficos da atividade física.
Perda de peso.
O consumo de Citrus aurantium, de forma isolada ou em combinação com outros ingredientes, demonstrou aumentar o gasto metabólico em repouso, estimular a lipólise e reduzir o apetite. Tudo isso sem aumentar a pressão arterial ou a frequência cardíaca.
O consumo de p-sinefrina em combinação com bioflavonóides também presentes no Citrus aurantium (naringina e hesperidina) melhora os efeitos sob a termogénese.
Efeitos terapêuticos.
A laranja amarga emprega-se como medicamento natural para diferentes afeções como má digestões, saúde cardiovascular, prevenção do dano celular e cancro ou tratamento do ictus. O seu teor em citral, limoneno e diferentes flavonóides como a hesperidina, laringina ou rutina apresentam atividade antiviral.
Em infusões, a acidez do Citrus aurantium combate os gases produzidos pelas más digestões, estimula a digestão e o apetite. Também é capaz de melhorar as dores de cabeça e reduzir as taquicardias ou a febre.
O óleo essencial de laranja amarga, devido ao seu teor de linalol e limoneno, emprega-se como sedativo e para combater a ansiedade. Os extratos que contêm um alto teor de sinefrina produzem efeitos antidepressivos.
Por outra parte, a água destilada da flor (água de azahar) tem propriedades antispasmódicas e sedativas. O sumo de laranja amarga ajuda na eliminação de produtos tóxicos e o seu elevado teor de vitamina C reforça o sistema imune.
Dosagem
Não foi determinada uma dose ótima para o Citrus aurantium ou sinefrina.
As doses a serem utilizadas vão depender em grande medida do objetivo que se persegue, da parte da planta e forma utilizada:
Quando o propósito é a perda de peso utilizam-se doses entre 5 e 50 mg/dia, embora existam estudos que tenham utilizado doses maiores 80 mg/dia, 100 mg/dia, 120 mg/dia sem efeitos prejudiciais. Inclusive existem estudos que utilizam doses de 300 mg/dia.
A concentração de sinefrina depende do padrão de Citrus aurantium mas de forma geral 100-200 mg de Citrus aurantium proporciona entre 6 e 40 mg de p-sinefrina (a vida média da sinefrina na corrente sanguínea é de 2-3 horas).
No caso da casca desidratada para a elaboração de infusões, recomenda-se de 1-2 gramas para o tratamento de más digestões ou gases.
Precauções
A casca de laranja amarga é considerada um produto GRAS (Geralmente reconhecido como seguro) pela FDA e o seu consumo isolado ou em combinação com outros extratos de ervas, não produz efeitos adversos importantes.
Embora em ocasiões relacionou-se o consumo de laranja amarga com alguns efeitos secundários como alterações dos parâmetros cardiovasculares. A realidade é que o consumo de laranja amarga e o seu alcalóide natural p-sinefrina não apresentam efeitos secundários sobre a pressão arterial ou a frequência cardíaca.
A dose mínima para poder causar um dano letal fixou-se em 1000 mg/ dia, 20 vezes a dose habitual.
A sinefrina não está considerada como uma substância dopante (WADA), no entanto o Citrus aurantium pode conter octopamina em pequenas quantidades. Esta substância não está permitida em competições. Em consequência, recomenda-se aos desportistas profissionais ou que devam submeter-se à testes de dopagem, que cessem o seu consumo a tempo e hora para evitar possíveis resultados positivos.
No entanto, a American Herbal Products Association (AHPA), classifica o Citrus aurantium como permitido durante a gravidez se é empregado adequadamente. Geralmente, não se recomenda o consumo de laranja amarga ou produtos que o contenham à mulheres grávidas, a amamentar ou à crianças.
O uso direto do óleo de laranja amarga sob a pele pode causar fotossensibilidade em pessoas de pele clara se exporem a pele ao sol pouco tempo após a sua aplicação. Isto não ocorre em outras formas de aplicação como por via oral.
Não se deve consumir infusões de Citrus aurantium em excesso se sofre de artrite, já que o seu teor de ácidos pode agravar os síntomas.
As pessoas que consomem medicamentos que se metabolizem mediante o conjunto de enzimas citocrómio P450, devem ter precaução, já que as substâncias presentes no Citrus aurantium (6´,7´dihidrobergamotina e bergapten) podem alterar a metabolização de medicamentos como as estatinas empregadas para controlar a hipercolesterolemia, embora a EFSA considere que o baixo teor destas substâncias do Citrus aurantium fazem que o risco seja mínimo.

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Equipa de especialistas em nutrição e dietética da Nutritienda.com
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