O ácido alfa lipóico também é conhecido como ALA, ácido tioctico ou simplesmente como ácido lipóico. A sua nomenclatura química é ácido 1,2-dithiolano-3-pentanoico. O ácido lipóico é um ácido gordo que contém dois grupos tiol (enxofre).
Trata-se de um poderoso antioxidante que também intervém como cofator de reações mitocondriais nas que se converte a glicose em energia como durante o ciclo de Krebs e durante o catabolismo de alfa ceto-ácidos ou aminoácidos. Parte do consumo de ácido alfa lipóico pode ser ingerido através dos alimentos e certa quantidade pode ser sintetizada pelo próprio organismo.
A diferença de outros antioxidantes, o ácido alfa lipóico tem a capacidade de atuar tanto em entorno gordurosos como em entorno aquosos. Esta característica outorga-lhe uma grande vantagem perante a outros antioxidantes.
Além de ser um antioxidante em si, o ácido lipóico tem efeitos antioxidantes secundários:
- O ácido alfa lipóico aumenta os níveis de antioxidantes endógenos como o glutatião e a coenzima Q10. Tal como a forma original, a forma reduzida do ácido alfa lipóico, denominada ácido dehidrolipoico (DHLA), também tem poder antioxidante e é capaz de regenerar a vitamina C e a vitamina E que foram oxidadas. Por isso, o ácido álfa lipóico é considerado o antioxidante dos antioxidantes ou antioxidante universal. Além disso, ALA reduz a produção de citoquinas e fatores pró-inflamatórios.
O ácido alfa lipóico pode ter dois isómeros diferentes, o R-ácido lipóico e S-ácido lipóico. Naturalmente, o ácido alfa lipóico encontra-se na sua forma R unida à proteína, enquanto os suplementos, o ácido lipóico encontram-se normalmente em forma livre. Pode-se encontrar formas comerciais que contêm apenas a forma R-ácido lipóico ou formas combinadas de R e S. Parece ser que a forma R é biologicamente mais ativa e que absorve-se em maior medida. Mesmo assim, a maioria dos estudos realizados fizeram uso de formas combinadas obtendo muitos bons resultados.
Na Alemanha, o ácido lipóico tem sido empregado desde faz décadas por pessoas diabéticas, especialmente para prevenir as afeções neurovasculares. A sua capacidade antioxidante protege as células pancreáticas e é capaz de estimular a captação de glicose no músculo, melhorando a sensibilidade à insulina e colaborando no controlo dos níveis de glicose no sangue. Os estudos parecem indicar que a forma ácido R-lipóico também é mais efetiva na melhora da sensibilidade à insulina.
A capacidade de formar complexos (quelar) com certos metais do ácido alfa lipóico é utilizada para tratar envenenamentos por metais como o arsénico, cadmio ou mercúrio.
Em condições normais, não aparecem níveis baixos de ácido lipóico, no entanto, algumas patologias como a diabete, cirrose ou ateroesclerose apresentam níveis baixos deste composto, assim como em pessoas de idade avançada.
Os alimentos que maior conteúdo de ácido alfa lipóico têm são: o fígado, rins e a carne vermelha. Também pode-se encontrar na levedura, espinafres, tomates, brócolos ou ervilhas.
Apesar disto, as quantidades presentes nos alimentos são muito baixas e não demonstraram aumentar significativamente os níveis de ácido alfa lipoico no organismo, de modos que para potenciar os seus efeitos sobre a saúde resulta necessário consumi-lo em forma de complemento alimentar. O uso de complementos alimentares (200-600mg ALA) pode multiplicar por 1000 as quantidades ingeridas com a dieta.
Benefícios da sua contribuição
Diabete e controlo da glicose.
Uma das indicações potenciais do ácido lipóico é a diabete. O ácido álfa lipóico melhora a resposta e a sensibilidade à insulina, é capaz de proteger as proteínas da glicosilação, assim como inibir a conversão de glicose e galactose em sorbitol. A acumulação de sorbitol é responsável de algumas das patologias observadas em pacientes diabéticos, como as cataratas.
A efetividade do ácido lipóico foi comprovada em vários estudos em pacientes diabéticos tipo 2 e obteve-se muitos bons resultados. Além dos efeitos sobre a glicemia, ALA protege contra o dano vascular renal, reduz os sintomas da neuropatia e melhora a função nervosa. Por outro lado, crê-se que a sua grande atividade na proteção das células nervosas, deve-se à sua capacidade solúvel, tanto em gordura como em água, permitindo-lhe alcançar zonas dos nervos pouco acessíveis e protegê-los contra a oxidação.
Metabolismo.
Os efeitos do ácido lipóico vão mais além em relação com a diabete tipo 2 e diversos estudos o propõem como prevenção desta patologia para prevenir as alterações do sistema metabólico.
O ácido alfa lipóico foi empregado satisfatoriamente em pessoas obesas reduzindo até 8% o peso corporal, melhorando a composição corporal, reduzindo o índice cintura quadril e também a pressão arterial. Provavelmente graças à melhora da sensibilidade à insulina e o aumento da adiponectina. A adiponectina é considerada anti-inflamatória e antiaterogénica e encontra-se normalmente reduzida em pessoas com resistência insulínica como em obesos, diabéticos tipo 2 ou síndrome metabólica.
Sistema muscular e rendimento desportivo.
Com a idade a massa mitocondrial diminui, e com ela também a capacidade do organismo de produzir energia. Como consequência, diminui a massa celular e aumenta a produção de radicais livres.
O consumo de ácido lipóico aumenta a atividade mitocondrial, reduz a peroxidação e melhora a produção de energia. Esta qualidade pode ser utilizada tanto na prevenção da perda de massa muscular como para garantir uma ótima função mitocondrial em pessoas mais jovens com o objetivo de garantir uma ótima função muscular.
As pessoas que sofrem miopatias com alterações mitocondriais, também podem melhorar a tolerância ao exercício utilizando ALA.
O ácido alfa lipóico estimula o transportador da glicose nas células musculares (Glut 4) aumentando a sua utilização no músculo. Esta melhora da utilização dos nutrientes e a melhora da sensibilidade da insulina, costumam ser utilizadas com frequência por pessoas que procuram um aumento da massa muscular, melhorar do rendimento desportivo ou um ótimo estado de saúde.
O exercício físico acarreia a produção de radicais livres e esta produção é ainda maior quando a intensidade do exercício é elevada; observou-se que nestes casos os níveis de antioxidantes endógenos, como o glutatião ou a vitamina E, descendem, aumenta o stress oxidativo e o dano dos tecidos. Os estudos realizados indicam que a suplementação com ácido lipóico protege contra o stresse oxidativo induzido pelo exercício. De facto, um stress oxidativo elevado pode aumentar a fatiga muscular, reduzir a força muscular ao alterar a regulação da contração muscular e inclusive afetar às proteínas miofibrilares; de modos que a redução do stress oxidativo pode influir na redução da fatiga muscular.
Sistema cardiovascular.
O ácido lipóico tem a qualidade de conservar e melhorar a função cardiovascular graças à que cuida os vasos sanguíneos, reduz a pressão arterial, reduz o colesterol LDL e triglicéridos, aumenta o colesterol HDL (bom) e reduz a suscetibilidade das lipoproteínas a serem oxidadas; como consequência reduz o risco cardiovascular e melhora a sintomatologia das afeções cardiovasculares.
Além disso, devemos lembrar também que o ácido alfa lipóico é capaz de regenerar outros componentes como a vitamina E, que também atua como antioxidante protegendo assim a saúde do sistema cardiovascular.
Sistema neurológico.
O ácido alfa lipóico tem propriedades neuroprotetoras. Diversos estudos em pacientes com Alzheimer, Parkinson e outras disfunções cognitivas demonstram que a redução do stress oxidativo no sistema nervoso reduz o dano e a severidade destas afeções. Inclusive, parece reduzir a perda de memória produzida pela idade e proteger o cérebro de certos tóxicos.
Também mostrou ser efetivo na proteção do sistema nervoso e durante danos traumáticos. Quando se produz um dano deste tipo, aumenta o dano oxidativo e inflamatório nas células nervosas e observou-se que o consumo de ácido alfa lipóico reduz o dano produzido neste tipo de situações.
Outros campos de aplicação.
O ácido alfa lipóico também apresentou grandes benefícios em pacientes de glaucoma (150 mg /dia).
Também se estuda a sua atividade na manutenção da massa óssea e de prevenção de situações como a osteoporose. Estudos recentes sugerem também que o ácido alfa lipóico pode resultar um aliado no combate contra as dores de cabeça e enxaqueca (suplementos de 600 mg ao dia parecem reduzir a sua intensidade e frequência).
A capacidade protetora do DHLA (forma reduzida do ácido alfa lipóico) mostrou-se efetiva para evitar danos produzidos por hipoxia durante isquemias ou acidentes vasculares. Também utiliza-se em envenenamentos por cogumelos venenosos, metais pesados, fatiga crónica ou na prevenção de danos hepáticos por consumo excessivo de álcool ou hepatite e como agente protetor dos rins durante o tratamento com certos medicamentos.
O emprego do ALA ou DHLA também tem sido proposto em situações de danos por radiações, para reduzir a taxa de replicação do VIH e proteger contra o dano neuronal que produz-se nesta doença, em casos de esclerose múltipla, afeções crónicas do sistema nervoso central ou pode-se encontrar como componente de cremes solares.
Tradicionalmente devido ao seu efeito antioxidante, também tem sido utilizado em outras situações como dermatite atópica ou alterações da saúde da pele, demência, depressão, quimioterapia, alterações mitocondriais…
Dosagem
O seu uso como antioxidante em pessoas saudáveis costuma estar entre 50-100 mg, já nos diabéticos aplica-se doses de 100-200 mg 3 vezes ao dia; no entanto, se for empregada em doses terapêuticas a quantidade utilizada seja maior e oscila entre 600 e 1800 mg/dia.
Crê-se que a sua ingestão junto com alimento pode reduzir a sua absorção, sendo recomendável tomá-lo 30 minutos antes das refeições ou 2 horas após as mesmas. Se consome-se fórmulas de ácido R-lipoico, é possível que doses menores resultem também iguais de efetivas.
Precauções
O ácido alfa lipóico considera-se seguro utilizado em doses recomendadas (até 1800 mg /dia). Os expertos consideram que o seu uso é seguro inclusive por períodos prolongados de forma continua, existem estudos realizados durante dois anos onde não se observou nenhum efeito adverso importante. Em ocasiões, pode aparecer algum desconforto no estômago se se aplicam doses muito elevadas (1.200-1.800mg) em raras ocasiões foram descritas reações alérgicas cutânea que desaparece ao suspender o seu consumo.
Os pacientes diabéticos que estejam a tomar medicamentos anti-glicémicos, devem controlar os seus níveis de glucosa, já que talvez seja necessário ajustar a dose para evitar hipoglicemias.
As pessoas com alterações da tiróide que levam uma medicação devem estar supervisados pelo seu médico se tomam ALA, já que também pode ser necessário ajustar a dose.
O seu consumo não é aconselhável em pessoas deficientes em tiamina (normalmente pessoas alcoólicas), já que pode reduzir a sua absorção.
Todavia não há estudos suficientes que provem que seja seguro em crianças, mulheres grávidas ou à amamentar, nem em pessoas com patologias renais ou hepáticas, e por precaução não se aconselha nestes casos.

Equipa de nutrição
Equipa de especialistas em nutrição e dietética da Nutritienda.com
A nossa equipa de especialistas licenciados em nutrição desportiva por universidades como a Universidade Complutense de Madrid, a Universidade Rey Juan Carlos e a Universidade de Zaragoza, põem em prática o seu know-how neste blog. Todos eles coincidem na sua vocação para a divulgação dos segredos do mundo da nutrição.
Descobre connosco que uma vida saudável começa por uma nutrição equilibrada!