Todos sabemos que as gorduras têm propriedades benéficas para a nossa saúde, especialmente para o nosso sistema cardiovascular. No entanto, as gorduras não são todas iguais e nem têm os mesmos efeitos no nosso organismo, já que os seus benefícios e propriedades variam consoante o tipo e a quantidade consumida. Por razões culturais e pelas suas propriedades extraordinárias, optamos sempre pelo azeite como principal fonte de gordura da nossa dieta mas, já pensaram em utilizar outros tipos de óleos igualmente saudáveis?
Já abordamos várias vezes sobre os óleos mais consumidos, no entanto têm surgido muitas controvérsias sobre o azeite de oliva, o óleo de girassol ou o óleo de palma, este último escondido em muitos produtos processados.
Hoje queremos falar sobre um óleo conhecido na Índia há mais de 4.000 anos e que atualmente em Espanha tem gerado muitas dúvidas quanto ao seu consumo, o óleo de colza.

Óleo de colza ou canola
O óleo de colza é extraído das sementes de colza, uma planta pertencente à família das brassicáceas. Este óleo tem uma textura viscosa e uma cor parda-escura antes de ser refinado. Na Europa, que atualmente é o principal produtor, o seu cultivo teve início a grande escala a partir da segunda guerra mundial, assim como também em Canadá, outro grande produtor.
O óleo de colza vem sendo utilizado na preparação de inúmeros produtos há várias décadas e de facto é o terceiro óleo vegetal mais consumido no mundo. Como sempre aconselhamos, há que prestar especial atenção aos ingredientes que aparecem no rótulo dos produtos que consumimos habitualmente, já que muitos fabricantes hesitam em chamar o óleo de colza pelo seu nome, usando termos como “óleo de nabina”, “óleo de nabiça” e até mesmo “óleo de canola”, um tipo de óleo de colza melhorado desde a sua origem.

Apesar de apresentarem um aspeto similar, a planta de canola e a de colza são muito diferentes. Científicos canadenses usaram o método tradicional de hibridação de plantas para eliminar os compostos tóxicos da colza, nomeadamente uma substância perigosa chamada ácido erúcico, e criaram assim a canola, contendo somente traços de ácido erúcico e glucosinolato, além de um perfil peculiar de ácidos gordos rico em ácido oleico e reduzido em gorduras saturadas.
Composição nutricional do óleo de colza
O óleo de colza é um óleo muito insaturado, sendo uma das gorduras vegetais com menor teor em ácidos gordos saturados (aproximadamente 7% do total das gorduras) e com elevado teor em ácidos gordos poli-insaturados (28%), portanto, é muito sensível à oxidação. É rico em ácido oleico; sim, o que é característico do azeite de oliva, que sem chegar aos níveis deste, os que contém o óleo de canola não são nada desdenháveis.
Quanto ao seu perfil vitamínico, cabe destacar o seu teor de vitamina E e tal como o resto de óleos vegetais, o óleo de colza não contém minerais.

O que nós recomendamos, caso fizeres uso deste tipo de óleo, é consumi-lo cru e não cozinhado, já que devido ao seu elevado teor de ácidos gordos insaturados e, portanto, baixo em saturados, é muito mais suscetível à formação de aldeídos e peróxidos no seu aquecimento.
Se é tão saudável, porque é que não se consome em Espanha?
Apesar de ser um óleo muito saudável e apto para o consumo humano, é muito difícil encontrá-lo nas prateleiras dos supermercados em Espanha. Muitas pessoas inclusive têm medo deste óleo devido a uma controvertida intoxicação que teve lugar em 1981, chegando a afetar a mais de 20.000 pessoas e causando cerca de 3.800 mortes. A causa desta intoxicação não foi nenhum dos compostos do óleo de colza tal como se pensava, senão uma série de contaminantes que apareceram no mesmo como consequência do seu tratamento e manipulação como gordura industrial, não alimentar, que se desviou fraudulentamente para o consumo humano.

Sabemos que todos os grupos alimentares são importantes na nossa alimentação e no que se refere aos macronutrientes, as gorduras também desempenham um papel importante. Por esta razão, devemos sempre priorizar o consumo de gorduras saudáveis frente a outras de baixa qualidade nutricional, seguindo esta linha, o óleo de colza poderia ser uma boa opção para preparar saladas durante todo o ano.
Como podem ver, desde o ponto de vista nutricional, o consumo de óleo de colza não tem porque reportar maiores prejuízos, senão que ademais oferece propriedade nutricionais muito interessantes.;)

Biólogo espicialista em Nutrição, Dietética e Cuidado Personal.
O nosso biólogo especialista em nutrição e fitoterapia, brilha pela sua natureza curiosa e não conformista. Tem licenciaturas da Universidade Complutense de Madrid, Universidade de Valencia, Universidade Rey Juan Carlos, Universidade Antonio de Nebrija e ESIC. Alberto mantém sempre o foco na investigação, desenvolvimento e inovação na indústria farmacêutica e alimentar para estar na vanguarda do sector.